Como anda sua integridade?

Sabe aquele velho ditado: faça o que eu digo, não faça o que eu faço? Pois é…

Escutamos ou lemos discursos persuasivos ou elaborados a todo instante e todos os dias. As técnicas de oratória ou o manejo nas redes sociais, nunca estiveram tão em alta. Seja sobre moral, ética, política, religião, sustentabilidade, educação dos filhos ou o clima, não me recordo de um período de tantas opiniões, análises ou julgamentos.

Mas será que todo este discurso lançado condiz com a prática? Infelizmente, tenho percebido que não! E me choca mais quando percebo essa ocorrência advinda de profissionais e dentro de algumas organizações.

No livro “O que realmente Importa” de Anderson Cavalcante, o autor faz uma definição interessante sobre integridade:

 “ Integridade é ter coerência entre pensamento, sentimento e comportamento. Ou seja, é falar o que você pensa e fazer o que você fala.”

Trabalho com gestão de pessoas há mais de 13 anos. Já assisti, ouvi, participei de dezenas de reuniões, palestras, consultores e treinamentos em diversas áreas. Percebo (com muita tristeza!) que nem tudo que é falado no “palco” condiz com as verdadeiras ações de alguns desses profissionais.

Nessas horas sempre me vem à cabeça aqueles anúncios  fantásticos de produtos da TV, com inúmeros benefícios, em que você compra a ideia e ao receber o produto em casa, descobre que não era bem assim e vem à decepção. Que costuma ser gigantesca e afeta ainda, a imagem da empresa em que você confiou.

No mercado atual, a relação de integridade inicia-se, ou deveria iniciar-se, desde o momento do processo seletivo. Cabe à empresa deixar claro o job description e cabe também ao candidato, manter a  honestidade sobre suas reais qualificações em seu currículo. Quando ambos não se comprometem com a transparência no processo, provavelmente irão ferir essa relação em pouco tempo. E daí virá a frustração, a falta de motivação e os conflitos entre funcionário e contratante.

Não existe acordo bem feito sem integridade!

Outro ponto gerador de inúmeros problemas são as promessas de feedback aos candidatos em um processo seletivo. Prometeu? Cumpra! Simples assim. Ou não prometa nada.

Penso ser o momento de reavaliarmos nossa integridade como pessoas e como profissionais responsáveis dentro das organizações. Precisamos ser no mínimo coerentes. Não podemos levantar bandeira sobre ecologia nas redes, sem estarmos verdadeiramente preocupados em separar nosso lixo ou evitarmos o desperdício de água ou comida. Como pregar honestidade aos quatro cantos se não devolvemos o troco recebido a mais? Como falar de corrupção e roubo se na esquina compro produtos pirata, roubo a internet do vizinho ou pego o jornal na portaria antes que alguém veja?

Precisamos nos esforçar diariamente pra dizer não, quando o “lado B” tenta suprimir o “lado A”. Quando traímos nossa integridade e tudo aquilo em que acreditamos, estamos abrindo espaço pra que valores negativos sobreponham-se sobre o que é correto. Ensinamos errado aos nossos filhos e ou funcionários, além de estarmos  contribuindo pra uma sociedade menos digna.

Não se trata de uma visão romancista do trabalho ou das relações, nem de extinguir toda a ferocidade que a concorrência e a vida diária nos exige, mas sim de ficarmos atentos, para que mesmo nas mínimas ações, não percamos este valor tão importante. Não adianta possuir um lindo e bem escrito código de ética se as práticas dessa empresa não são aplicadas. Assim como não adianta ler a Bíblia , pregar por um mundo melhor, se você não consegue agir de acordo com o que é de fato correto. Lembre-se que o errado é errado mesmo que todo mundo esteja fazendo. O certo é certo mesmo que ninguém esteja fazendo. Depende apenas da integridade de cada um.

 

“A prioridade é sermos honestos conosco. Nunca poderemos ter um impacto na sociedade se não nos mudarmos primeiro. Os grandes pacificadores são todos gente de grande integridade e honestidade, mas, também, de humildade.”

Nelson Mandela